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Citologia e sarcomas de tecidos moles: um tormento analítico para o patologista?

por Dr. Talles Monte de Almeida

Médico Veterinário - Universidade Federal do Agreste de Pernambuco (UFAPE, Brasil)

Ex-aluno do "Curso de Formação em Citopatologia Veterinária" - Vetschool São Paulo


O que são sarcomas de tecidos moles (STM)?


Os sarcomas de tecidos moles são um grupo de neoplasias mesenquimais que possuem comportamento biológico maligno semelhante, sendo também conhecidas como sarcomas de partes moles. Possuem como células-alvo tecidos de origem não osteogênica, tais como o conjuntivo, adiposo, muscular e perivascular. Nesse âmbito, citam-se tumores como o fibrossarcoma, mixossarcoma, tumores de parede perivascular (hemangiopericitoma, miopericitoma, angioleiomiossarcoma), tumores de bainha de nervo periférico/schwannoma, lipossarcomas e sarcomas de tecidos moles anaplásicos.


Por que a análise citológica é desafiadora?


Os sarcomas de tecidos moles (STM) podem ter características morfológicas bastante similares e sobrepostas. Desse modo, a principal limitação é um diagnóstico mais específico, devendo-se muitas vezes complementar a avaliação com a histopatologia e imuno-histoquímica. Entretanto, diagnósticos citológicos presuntivos podem ser estabelecidos, principalmente embasados na correlação entre macroscopia, morfologia celular, arranjo celular e características dos componentes extracelulares como a matriz extracelular.


Qual a importância da citologia nesse cenário?


O objetivo primário é tentar diferenciar os sarcomas de tecidos moles dos processos inflamatórios com fibroplasia (processos reacionais) de um modo rápido e pouco invasivo, servindo como um excelente exame de triagem diagnóstica. Os objetivos secundários incluem tentar estabelecer a origem celular mais provável (ex. adipócitos=lipossarcomas) e os diagnósticos diferenciais mais prováveis.


Quais são as possíveis conclusões diagnósticas?


Dependendo do grau de diferenciação das células neoplásicas e da experiência do patologista pode-se ir além de diagnósticos generalistas tais como “neoplasia mesenquimal maligna ou sarcoma de tecidos moles” para diagnósticos mais específicos tais como “sugestivo de lipossarcoma, tumor de bainha perivascular etc.”


É possível graduar os sarcomas de tecidos moles pela citologia?

Até o momento da publicação desse artigo, não. A graduação é exclusivamente feita através da análise histopatológica.


Qual deve ser a interpretação do clínico ou oncologista?


Os clínicos e oncologistas devem interpretar o resultado de “sarcoma de tecidos moles” com cautela. Processos inflamatórios crônicos comumente exibem proliferação de fibroblastos visando a reparação do tecido danificado. Os fibroblastos, nesses casos, podem apresentar “atipias” interpretadas erroneamente pelos patologistas como critérios de malignidade. Atenção especial deve ser dada aos casos de”sarcomas de tecidos moles” diagnosticados pela citologia em sítios anatômicos sujeitos a procedimentos cirúrgicos mais radicais como amputações, maxilectomias e mandibulectomias. Nesses caso, a confirmação histopatológico é imprescindível.


Enfim, a citologia dos sarcomas de tecidos moles é um tormento analítico para o patologista?


De forma geral, não. Seguem algumas dicas: os sarcomas de tecidos moles não exibem conteúdo inflamatório representativo; exibem critérios de malignidade, principalmente nucleares, frequentes e bem definidos; exibem alta celularidade; e podem exibir necrose. Destarte, a confirmação histopatológica é SEMPRE recomendada.







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